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Um Bom Natal e um próspero Ano Novo!

Divirtam-se a aprender. Não deixem de visitar: http://natalnatal.no.sapo.pt/index1.htm

Desejo a todas/os umas óptimas festas
no aconchego de qualquer calor ;)

Festas Felizes!

Dia 1 de Dezembro - Restauração da Independência

Como deves saber, o dia 1 de Dezembro é feriado em Portugal. Nesse dia comemora-se o Dia da Restauração da Independência.
Queres saber porquê? Tudo começou em finais do séc. XVI: o rei de Portugal era D. Sebastião.
Em 1578, D. Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no norte de África. Portugal ficou, assim, sem rei, pois D. Sebastião era muito novo e ainda não tinha filhos, não havia herdeiros directos para a coroa portuguesa.
Assim, quem subiu ao trono foi o Cardeal D. Henrique, que era tio-avô de D. Sebastião. Mas só reinou durante dois anos porque nem todos estavam de acordo com ele como novo rei. Mas atenção: estas coisas nunca são simples, houve muitos pretendentes e isto deu muita confusão...
Em 1580, nas Cortes de Tomar, Filipe II, rei de Espanha, foi escolhido como o novo rei de Portugal. A razão para a escolha foi simples: Filipe II era filho da infanta D. Isabel e também neto do rei português D. Manuel, por isso tinha direito ao trono.
Nesta altura, era frequente acontecerem casamentos entre pessoas das cortes de Portugal e Espanha, o que fazia com que houvesse espanhóis que pertenciam à família real portuguesa e portugueses que pertenciam à família real espanhola.
Durante 60 anos, viveu-se em Portugal um período que ficou conhecido na História como "Domínio Filipino". Depois do reinado de Filipe II (I de Portugal), veio a governação de Filipe III (II de Portugal) e Filipe IV (III de Portugal). Estes reis governavam Portugal e Espanha ao mesmo tempo, como um só país.
Os portugueses acabaram por revoltar-se contra esta situação e, no dia 1 de Dezembro de 1640, puseram fim ao reinado do rei espanhol num golpe palaciano (um golpe só para derrubar o rei e o seu governo).
Sabias que havia também defensores do rei espanhol em Portugal? Mas o povo não gostava disso porque o País não era governado com justiça e havia muitos problemas e ataques às províncias ultramarinas e, especialmente, ao Brasil.
Na altura, a Duquesa de Mântua era vice-rainha e Miguel de Vasconcelos era escrivão da Fazenda do Reino. Tinha imenso poder. No dia 1 de Dezembro de 1640, os Restauradores mataram-no a tiro e foi defenestrado (atirado da janela abaixo) no Paço da Ribeira.
Filipe III abandonou o trono de Portugal e os portugueses escolheram D. João IV, duque de Bragança, como novo rei.
O dia 1 de Dezembro passou a ser comemorado todos os anos como o Dia da Restauração da Independência de Portugal, já que o trono voltou para um rei português.
João Aguardela (1969 - 2009) foi um cantor, músico e compositor português, conhecido por fazer parte das bandas Sitiados, Linha da Frente, Megafone e A Naifa.

Cedo mostrou apetência musical, tendo-se destacado como líder da banda "Sitiados", quem em meados dos anos 1990 registou inúmeros êxitos musicais. Frequentou a escola de artes António Arroio, em Lisboa.

Foi uma pessoa activista em muitas causas. Manifestou o seu repúdio pela extrema-direita - mais concretamente pela morte do partidário do PSR José Carvalho- tendo participado em inúmeras manifestações sociais e políticas. Aquando da invasão do Iraque por parte dos EUA, também mostrara o seu total descontentamento.

Faleceu no Hospital da Luz, em Lisboa, a 18 de Janeiro de 2009, vítima de cancro do estômago, aos 39 anos de idade.

João Aguardela que havia sido distinguido em 1994 com o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Autores, fazia ainda parte do projecto Linha da Frente e tinha o seu projecto mais pessoal: Megafone, com quatro discos.

Leiam e ouçam o poema de José Luís Peixoto cantado por A Naifa de João Aguardela:

Como um raio a rasgar a vida, como uma flor
a florir desmedida, como uma cidade secreta
a levantar-se do chão, como água, como pão

Como um instante único na vida, como uma flor
a florir desmedida, como uma pétala dessa flor
a levantar-se do chão, como água, como pão,

Assim nasceste no meu olhar, assim te vi,
flor a florir desmedida, instante único
a levantar-se do chão, a rasgar a vida,

Assim nasceste no meu olhar, assim te amei,
vida, água, pão, raio a rasgar uma cidade secreta
a levantar-se do chão, flor a florir desmedida.


Diálogo de Apresentação - Português do Brasil: Neco vê Belinha com Luís e fica com ciúmes, mas os dois logo se entendem.

Gato Fedorento - Ricardo Araújo Pereira, um dos melhores humoristas portugueses da actualidade.

RAP esteve em Leiria, na Livraria Arquivo, para promover o seu livro de crónicas "Bocas do Inferno": a apresentação foi praticamente um espectáculo de stand-up comedy.

FESTAS DE LISBOA 2009

O mês de Junho está quase aí e as Festas de Lisboa e do seu Santo casamenteiro também. O vídeo de promoção das festas da cidade já está disponível e apresenta uma banda sonora, muito a propósito, de Anaquim com o tema “Na minha rua”.



Entre 15 de Maio e 15 de Julho os eventos sucedem-se e é tempo de viver a cidade, ou nas actividades mais tradicionais ou noutras ainda não experimentadas, mas, desta vez, com uma aposta em formatos variados tentando chegar ao maior número de pessoas.

Consulta a programação aqui.

"SE A ESPANHA QUER GIBRALTAR, QUANDO TENCIONA DEVOLVER OLIVENÇA?"

OLIVENÇA NA IMPRENSA BRITÂNICA
Daniel Hannan, político, escritor e jornalista inglês, com vasta obra publicada sobre política europeia, debruçou-se agora, com saber e perspicácia, sobre a Questão de Olivença em artigo no Telegraph, cuja tradução para português se transcreve.

http://blogs.telegraph.co.uk/daniel_hannan/blog/2009/03/13/if_spain_wants_gi
braltar_when_is_it_planning_to_give_up_olivena

«SE A ESPANHA QUER GIBRALTAR, QUANDO TENCIONA DEVOLVER OLIVENÇA?
Daniel Hanan

E se tivesse sido ao contrário? E se a Espanha tivesse tomado um pedaço de território de alguém, forçado a nação derrotada a cedê-lo num tratado subsequente, e o mantivesse ligado a si? Comportar-se-ia Madrid como quer que a Grã-Bretanha se comporte em relação a Gibraltar? Ni pensarlo!
Como é que eu posso estar tão certo disso? Exactamente porque existe um caso assim. Em 1801, a França e a Espanha, então aliadas, exigiram que Portugal abandonasse a sua amizade tradicional com a Inglaterra e fechasse os seus portos aos navios britânicos. Os portugueses recusaram firmemente, na sequência do que Bonaparte e os seus confederados espanhóis marcharam sobre o pequeno reino. Portugal foi vencido, e, pelo Tratado de Badajoz, obrigado a abandonar a cidade de Olivença, na margem esquerda do Guadiana. Quando Bonaparte foi finalmente vencido, as Potências europeias reuniram-se no Congresso de Viena de Áustria para estabelecer um mapa lógico das fronteiras europeias. O Tratado daí saído exigiu um regresso à fronteira hispano-portuguesa (ou, se se preferir, Luso-espanhola) anterior a 1801. A Espanha, após alguma hesitação, finalmente assinou o mesmo em 1817. Mas nada fez para devolver Olivença. Pelo contrário, trabalhou arduamente para extirpar a cultura portuguesa na região, primeiro proibindo o ensino do Português, depois banindo abertamente o uso da língua.
Portugal nunca deixou de reclamar Olivença, apesar de não se ter movimentado para forçar esse resultado (ameaçou hipoteticamente com a ideia de ocupar a cidade durante a Guerra Civil de Espanha, mas finalmente recuou). Embora os mapas portugueses continuem a mostrar uma fronteira por marcar em Olivença, a disputa não tem sido colocada na ordem do dia no contexto das excelentes relações entre Lisboa e Madrid.
Agora vamos analisar os paralelismos com Gibraltar. Gibraltar foi cedida à Grã-Bretanha pelo Tratado de Utrecht (1713), tal como Olivença foi cedida à Espanha pelo Tratado de Badajoz (1801). Em ambos os casos, o país derrotado pode reclamar com razões que assinou debaixo de coacção, mas é isto que acontece sempre em acordos de paz. A Espanha protesta que algumas das disposições do Tratado de Utrecht foram violadas; que a Grã-Bretanha expandiu a fronteira para além do que fora estipulado primitivamente; que implementou uma legislação de auto-determinação local em Gibraltar que abertamente é incompatível com a jurisdição britânica especificada pelo Tratado; e (ainda que este aspecto seja raramente citado) que fracassou por não conseguir evitar a instalação de Judeus e Muçulmanos no Rochedo. Com quanta muito mais força pode Portugal argumentar que o Tratado de Badajoz foi derrogado. Foi anulado em 1807 quando, em violação do que nele se estipulava, as tropas francesas e espanholas marcharam por Portugal adentro na Guerra Peninsular. Alguns anos mais tarde, foi ultrapassado pelo Tratado de Viena.
Certamente, a Espanha pode razoavelmente objectar que, apesar dos pequenos detalhes legais, a população de Olivença é leal à Coroa Espanhola. Ainda que o problema nunca tenha passado pelo teste de um referendo, parece com certeza que a maioria dos residentes se sente feliz como está. A língua portuguesa quase morreu excepto entre os mais velhos. A cidade (Olivenza em espanhol) é a sede de um dos mais importantes festivais tauromáquicos da época, atrai castas e matadores muito para além dos sonhos de qualquer pueblo de tamanho similar. A lei portuguesa significaria o fim da tourada de estilo espanhol e um regresso à obscuridade provinciana.
Tenho a certeza que os meus leitores entendem aonde tudo isto vai levar. Este "blog" sempre fez da causa da auto-determinação a sua própria causa. A reclamação do direito a Olivença (e a Ceuta e Melilla), por parte de Espanha, assenta no argumento rudimentar de que as populações lá residentes querem ser espanholas. Mas o mesmo princípio certamente se aplica a Gibraltar, cujos habitantes, em 2002, votaram (17 900 votos contra 187!!!) no sentido de permanecer debaixo de soberania britânica. A Grã-Bretanha, a propósito, tem todo o direito de estabelecer conexões entre os dois litígios. A única razão por que os portugueses perderam Olivença foi porque honraram os termos da sua aliança connosco. Eles são os nossos mais antigos e confiáveis aliados, tendo lutado ao nosso lado durante 700 anos - mais recentemente, com custos terríveis, quando entraram na Primeira Guerra Mundial por causa da nossa segurança. O nosso Tratado de aliança e amizade de 1810 explicitamente compromete a Grã-Bretamha no sentido de trabalhar para a devolução de Olivença a Portugal.
A minha verdadeira intenção, todavia, é a de defender que estes problemas não devem prejudicar as boas relações entre os litigantes rivais. Enquanto Portugal não mostra intenção de renunciar à sua reclamação formal em relação a Olivença, aceita que, enquanto as populações locais quiserem permanecer espanholas, não há forma de colocar o tema na ordem do dia. Não será muito de esperar que a Espanha tome um atitude semelhante vis-a-vis Gibraltar.
Uma vez que este texto certamente atrairá alguns comentários algo excêntricos de espanhóis, devo clarificar previamente, para que fique registado, que não é provável que estes encontrem facilmente um hispanófilo mais convicto de que eu. Eu gosto de tudo o que respeita ao vosso país: o seu povo, as suas festas, a sua cozinha, a sua música, a sua literatura, a sua fiesta nacional. Amanhã à noite, encontrar-me-ão no Sadler´s Wells, elevado até um lugar mais nobre e mais sublime pela voz de Estrlla Morente. Acreditem em mim, señores, nada tenho de pessoal contra vós: o problema é que não podem pretender ter uma coisa e o seu contrário.

(trad. C. Luna)
Divulgação 03-2009

Língua portuguesa terá museu em Lisboa

MuseuArtePopular1. O Governo português já decidiu que o Museu da Língua Portuguesa de Lisboa ficará em Belém, no edifício que acolheu o Museu de Arte Popular. Recorde-se que este projecto foi lançado em 2006 pela anterior ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, pouco depois da inauguração do Museu da Língua Portuguesa de S. Paulo.

2. Um sítio da Internet disponibiliza um inquérito que permite aos cidadãos europeus manifestarem pontos de vista e apresentarem propostas ao presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso. São línguas de comunicação o inglês, o francês, o alemão, o polaco, o espanhol e o italiano. Mas... então, e a língua portuguesa?

3. Na sexta-feira, 8 de Maio, às 13h15* na RDP África, o programa Língua de Todos (com repetição no sábado, 9 de Maio, depois do noticiário das 9h15*) propõe um olhar — da linguista Ana Martins — sobre a qualidade do português escrito nos jornais portugueses.

4. O tema central do Páginas de Português de domingo, 10 de Maio (às 17h00, na Antena 2) serão os erros, as gralhas, as desatenções e as (des)qualidades do texto escrito, hoje, na imprensa portuguesa. E ainda a polémica à volta do Acordo Ortográfico.

* Hora oficial portuguesa.

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa :: 08/05/2009

Saiba o que foi a Revolução dos Cravos

Revolução acabou com 48 anos de fascismo em Portugal.

O levantamento militar do dia 25 de Abril de 1974 derrubou, num só dia, o regime político que vigorava em Portugal desde 1926, sem grande resistência das forças leais ao governo que cederam perante o movimento popular que rapidamente apoiou os militares. Este levantamento é conhecido por 25 de Abril ou Revolução dos Cravos. O levantamento foi conduzido pelos oficiais intermediários da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães, que tinham participado na Guerra Colonial. Considera-se, em termos gerais, que esta revolução devolveu a liberdade ao povo português (denominando-se como "dia da Liberdade" ao feriado instituído em Portugal para comemorar a revolução). Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos, marcados pela luta entre a esquerda e a direita. Foram nacionalizadas as grandes empresas. Passado um ano realizaram-se eleições constituintes e foi estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A guerra colonial acabou e as colônias africanas tornaram-se independentes antes do fim de 1975.

À 0h20 do dia 25 de abril de 1974, a Rádio Renascença, de Portugal, tocou uma música proibida: Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso. Era a senha para o início do movimento dos capitães, que ficou conhecido como a Revolução dos Cravos. Após 48 anos de ditadura, Portugal estava voltando a ter um regime democrático. O movimento aparece para os portugueses com um programa que se definia por três Ds: Democratização, Descolonização e Desenvolvimento. A revolta militar foi uma consequência dos 13 anos de guerra colonial, em que os portugueses enfrentaram os movimentos de libertação nas suas colônias: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

A decadência económica de Portugal e o desgaste com a guerra colonial provocam descontentamento no interior das Forças Armadas. Em 25 de abril de 1974 eclode a Revolução dos Cravos: oficiais de média patente se rebelam e derrubam o governo de Caetano, que se asila no Brasil; o general António de Spínola assume a Presidência. A população festeja o fim da ditadura distribuindo cravos - a flor nacional - aos soldados rebeldes. Os partidos políticos, inclusive o Comunista, são legalizados e é extinta a Pide, polícia política do salazarismo. O novo regime mergulha Portugal numa agitação revolucionária: Spínola fracassa em sua tentativa de controlar a força política e militar da esquerda e renuncia em setembro de 1974; o governo passa a ser dominado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), fortemente influenciado pelo Partido Comunista. Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau obtêm a independência. Em março de 1975, após uma fracassada tentativa de golpe de Spínola, o governo passa a ser dominado por um triunvirato formado pelos generais Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Gonçalves. Tem início uma política de estatização de indústrias e bancos, seguida por ocupações de terras. O moderado Partido Socialista, de Mário Soares, vence as eleições para a Assembleia Constituinte em abril de 1975. Em novembro do mesmo ano, o fracasso de uma tentativa de golpe de oficiais de extrema esquerda põe fim ao período revolucionário. Apesar disso, a Constituição de 1976, ainda influenciada pelo MFA, proclama a irreversibilidade das nacionalizações e da reforma agrária. Em 1976 o general António Ramalho Eanes, comandante das forças que esmagaram a rebelião de oficiais esquerdistas, é eleito presidente da República; os socialistas conquistam 35% dos votos e Mário Soares forma um governo minoritário. A luta do povo português contra o fascismo e a guerra colonial tornou-se um poderoso movimento de massas, abrangendo praticamente todas as classes e sectores da vida nacional. Nos últimos meses de 1973 e nos primeiros de 1974, antecedendo imediatamente o 25 de Abril, o movimento popular de massas desenvolvia-se impetuosamente em todas as frentes. A primeira grande frente de luta popular contra a ditadura foi o movimento operário. A classe operária intervinha como vanguarda em toda a luta antifascista, em todo o processo da luta popular. A repressão caía violentamente sobre o movimento operário. Nunca, porém, o fascismo conseguiu liquidar e abafar a organização e a luta dos trabalhadores. Grandes greves dos operários industriais, dos transportes, dos empregados, dos pescadores, dos trabalhadores agrícolas, exerceram profunda influência no processo revolucionário.

De outubro de 1973 até ao 25 de abril, além de muitas centenas de pequenas lutas nas empresas, mais de cem mil trabalhadores agrícolas do Alentejo e Ribatejo participaram numa vaga de greves que vibrou golpes repetidos, incessantes e vigorosos no abalado edifício do regime fascista. A segunda frente de luta popular contra a ditadura foi o movimento democrático. As formas de organização e métodos de acção de massas do movimento democrático português são um exemplo brilhante da associação do trabalho legal e do trabalho clandestino nas condições duma ditadura fascista. Mantendo sempre uma grande firmeza política e de objetivos, o movimento democrático nas mais pequenas condicionais possibilidades de actuação legal e semilegal, soube encontrar formas de organização e de acção que lhe permitiram esclarecer amplos sectores e desencadear poderoso movimento de massas. A terceira grande frente de luta popular contra a ditadura foi o movimento juvenil. A juventude teve um papel de extraordinário destaque na luta contra a ditadura fascista. Os jovens (trabalhadores e estudantes) estiveram sempre nas primeiras linhas em todas as frentes da luta política, económica e cultural, na agitação clandestina, nas manifestações de rua, nas actividades de maior perigo.
A quarta grande frente da luta popular foi a das classes e camadas médias. Os intelectuais, ao longo de quase meio século de opressão, constituíram sempre uma força de oposição, participando activamente no movimento democrático e desenvolvendo toda uma ação cultural e de criação literária e artística contra o fascismo. Nos últimos tempos da ditadura, as acções dos intelectuais haviam-se intensificado. A criação da Associação Portuguesa de Escritores e os grandes movimentos dos professores do ensino secundário e dos médicos, com grandes assembleias, concentrações e greves, mostraram bem a oposição tenaz ao regime. Em todos os sectores da vida social, o povo português passara à ofensiva contra a exploração e a opressão fascistas, pelas liberdades e pela solução dos seus problemas vitais. Na situação portuguesa pesava de forma crescente a guerra colonial com todas as suas consequências. Os efeitos da guerra sentiam-se na vida económica, social e política e na situação das próprias forças armadas. A situação foi-se agravando ainda mais na medida em que os movimentos de libertação da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola alcançaram sérios êxitos na luta armada. Por isso, nos últimos tempos do fascismo, o movimento contra a guerra colonial e as lutas nas forças armadas tornam-se um dos centros de polarização de descontentamento e de energias e adquirem uma importância cada vez maior.
É a quinta grande frente da luta popular contra a ditadura que acabará por ser determinante para lhe pôr fim. A luta contra a guerra colonial e pelo reconhecimento do direito dos povos submetidos ao colonialismo português à completa e imediata independência, tornou-se nos últimos anos do fascismo um vigoroso movimento nacional.
Adquirindo crescente amplitude e tomando várias formas, essa luta travava-se em três frentes principais: a acção política, a resistência nas forças armadas e acções contra o aparelho militar colonialista. Correspondendo à acção política, multiplicam-se as acções de resistência no seio das próprias forças armadas. Nunca numa guerra colonial o número de desertores e refratários atingiu uma cifra comparável à registrada em Portugal. Segundo alguns cálculos, o número de refratários chegou a atingir quase um terço dos jovens em idade militar. Na grande corrente emigratória um forte contingente era de jovens fugindo ao serviço militar e à guerra. A par das deserções, as manifestações de resistência nas forças armadas adquiriram um caráter cada vez mais freqüente e maciço. É nesta situação e neste ambiente que toma corpo o "movimento dos capitães" (Movimento da Forças Armadas - MFA). O "movimento dos capitães" traduz, nas forças armadas, a tomada de consciência do povo português da necessidade do fim da guerra e da pronta liquidação do fascismo. As forças armadas, que haviam sido durante quase meio século o principal apoio do fascismo, tornam-se dia a dia o apoio cada vez mais condicional e incerto. O agravamento das contradições e dificuldades do regime e o aprofundamento da crise interna, por um lado, e o vigoroso desenvolvimento da luta popular contra a ditadura e contra a guerra, por outro, indicavam que se aproximava a passos rápidos e seguros uma situação revolucionária. E ao levantamento militar sucedeu-se imediatamente o levantamento popular. No próprio dia 25, as massas populares apareceram poderosas, rodeando, acarinhando, apoiando e estimulando os militares, tomando elas próprias iniciativas de acção, fundindo o povo e as forças armadas numa mesma aspiração e num mesmo combate. Depois de quase meio século de fascismo iniciava-se a Revolução portuguesa que iria causar a surpresa e a admiração da Europa e do mundo. Em 25 de Abril de 1974 terminava, derrotada pelo Movimento das Forças Armadas - MFA e pelo povo a longa ditadura fascista de 48 anos que Salazar impôs ao povo português, ditadura tão estruturada, tão repressiva, que sobreviveu à morte do ditador ocorrida em 1970. Foi talvez a mais linda festa política dos oito séculos da história de Portugal: a multidão, milhares de pessoas em estado de júbilo, dançava, cantava, chorava, sorria. E se abraçava, e abraçava os jovens soldados sem medo dos fuzis. E ocorreu então um caso extraordinário, até hoje sem explicação. Não se sabe como nem porquê, havia cravos vermelhos nas mãos do povo. Homens, mulheres e crianças de cravos nas mãos. Milhares de cravos. E o povo enfeitou de cravos os fuzis militares. E do povo a revolução ganhou nome: Revolução dos Cravos!

Contos no Mediterrâneo

Dirigido àquelas pessoas que estudaram ou estão a estudar galego ou português nos territórios de fala catalã.
Escrever um relato em galego ou português a partir dum tema de livre eleição. A extensão será de 1.000 a 2.500 palavras.
A data limite de presentação dos originais é 4 de Maio de 2009.
A entrega oficial do prémio será 29 de Maio, sexta-feira, no Centro Galego de Barcelona (Rambla dels Caputxins, 35-37).

Categorias:
A. Menores de 18 anos
B. Maiores de 18 anos

PRÉMIOS DA CATEGORIA A:
1º iPod nano, lote de música, lote de livros, camisolas.
2º Jantar para duas pessoas, lote de música, lote de livros, camisolas.
3º Obséquio de Sargadelos, lote de livros, camisolas.
Os três prémios incluem, ainda, materiais didácticos de galego e de
português.

PRÉMIOS DA CATEGORIA B:
1º 1.000€.
2º Viagem a Lisboa para uma pessoa.
3º Obséquio de Sargadelos.
Os três prémios incluem, ainda, um lote de livros e materiais didácticos de galego e de português.
Todos/as os/as finalistas receberão um prémio e um diploma.

Mais informação e bases:
www.contosnomediterraneo.cat
espazogalego@gmail.com
paulo.filgueiras@uab.cat

Os nossos filmes 2008

Assim foi 2008 para o Ípsilon.
Escolhas de Jorge Mourinha, Luís Miguel Oliveira, Mário Jorge Torres e Vasco Câmara
1. O Segredo de um Cuscuz Abdellatif Kechiche
Este ano sentámo-nos à mesa de uma família francesa -francoárabes, proletários dos arredores de Marselha (mas também há russos), enfim, uma família com os condimentos de hoje. E a refeição foi memorável.Através da barriga, diz-se, chega-se mais depressa ao coração, e o adágio serve a "O Segredo do Cuscuz". A refeição foi espectáculo para todos: as fronteiras entre "cinema de autor" e "cinema popular" explodiram. Foram dinamitadas pela mão de um cineasta nascido em Túnis em 1960 e seis anos depois já a viver em Nice, França, para onde o pai emigrou.Abdellatif Kechiche é o instigador de uma utopia, a de quebrar a distância entre filme e espectador. Sim, há algo de utópico nisto de dizer que os operários -personagens deste filme -poderem interessar às elites. E a utopia aconteceu com a terceira longa-metragem do realizador (depois de "La Faute à Voltaire" e de "A Esquiva").Não vamos esquecer: longas sequências à mesa, espectáculo de cuscuz e de grandes planos dos rostos, onde a família abre feridas e cicatriza a sua unidade; uma incrível experiência "ao vivo" -a tal barreira que se quebra entre o espectador e o ecrã. Grande cinema popular, memorável, de novo.V. C.
2. A Turma Laurent Cantet
Poder-se-ia dizer que era o filme certo na altura certa, face às convulsões da educação em Portugal, mas seria reduzir "A Turma" a uma topicalidade que transcende as suas intenções de mostrar a escola como reflexo da sociedade sem cair no cliché do "filme educacional". Missão cumprida em ambos os casos, através de uma ficção filmada como um documentário. J. M.
3. Este País Não é para Velhos Joel e Ethan Coen
Adaptando o romance de Cormac McCarthy, os irmãos Coen constroem um terrífico pesadelo americano, com violência e rigor inusitados: depois de "Fargo" é a sua mais obra mais pessoal e mais forte, apostando num sangrento jogo de massacre, espécie de divertimento letal em torno da morte sem razão, um "thriller" brutal cruzado com um "western" rarefeito. O predador à solta de Javier Bardem persegue-nos como onírica encarnação do Mal. M. J. T.
4. Austrália Baz Luhrmann
Como já fizera em "Romeu e Julieta" e "Moulin Rouge", Baz Luhrmann pulveriza as regras do cinema clássico e transforma os géneros em resquícios signifi cativos. O grande fôlego épico (pode falar-se de uma paródica a "E Tudo o Vento Levou" ou a "Gigante") dissolve-se numa estratégia pós-moderna de esvaziar os conteúdos melodramáticos e de reduzir as personagens a meros fantoches. E, no entanto, persiste uma comovente relação com a capacidade de o cinema transmitir emoções e de "arrepiar" o espectador incauto. M.J.T.
5. Gomorra Matteo Garrone
É tudo menos o filme de mafiosos romântico e épico: "Gomorra" é uma arrepiantemente desencantada polaroid em mosaico sobre os proletários do crime.Gente tão aprisionada no seu quotidiano banal como um qualquer bancário ou balconista, sonhando com uma saída que talvez não exista, assombrosamente filmada, sem ilusões mas com lealdade, por Matteo Garrone. J.M.
6. Quatro Noites com Anna Jerzy Skolimowski
O polaco Jerzy Skolimowski, depois de 17 anos sem filmar, voltou a esgrimir a sua obsessiva inocência, fazendo corpo com a personagem de um funcionário de crematório obcecado pela enfermeira que vive em frente. É o filme de um cineasta intacto - na disponibilidade para a obsessão. É um filme, como outros de Skolimowski, em que o desejo tem amputação agendada: o cinema, "idade de ouro", escapa-se-nos entre os dedos. V.C.
7. Nós controlamos a noiteJames Gray
A parábola do filho pródigo encenada entre as grandes famílias da polícia e da máfia novaiorquinas, em finais dos anos 80. Sem nunca "citar", Gray trabalha na pista - ou na "tradição" - deixada por outras grandes declinações do tema "família americana", do classicismo fordiano ao neo-classicismo coppoliano. Cheio de personalidade, cheio de estilo, mas silencioso e com horror a excessos: arte essencialmente discreta. L.M.O.
8. Aquele Querido Mês de AgostoMiguel Gomes
Até na Austrália (onde o influente crítico Adrian Martin acaba de o escolher como "melhor do ano") o seu poder funcionou. Há portanto algo mais, neste filme sobre Portugal e os portugueses, do que o reconhecimento de Portugal e dos portugueses. Há um cinema que se reinventa, se redescobre (e se devora) a cada plano, sonhando com grandes fórmulas e géneros clássicos (o documentário e o melodrama) a que chega tomando o caminho mais longo. Gosto do risco, espírito de aventura. L.M.O.
9. Darjeeling LimitedWes Anderson
O próximo filme de Wes Anderson será um desenho animado. É natural: talvez "Darjeeling Limited" seja o máximo ponto a que se pode levar a "cartoonização" e o burlesco sem que tudo se torne... "cartoon". Tudo almofadas para os sentimentos, o instrumento de um pudor: como sempre em Wes Anderson, é um filme lancinante. Viagem por uma Índia de cinema (a de Satyajit mas também a de Renoir), três irmãos à procura da mãe, laços de um sangue que ainda não parou de correr. L.M.O.
10. Antes que o Diabo Saiba que MorresteSidney Lumet
Lembrou-nos que o veterano Lumet, quando em "dia sim", pode ser um extraordinário cineasta. O filme-puzzle (assente em "flash-backs" ou "flash-forwards") tomado não como "desconstrução da narrativa" mas como decomposição das personagens e da sua unidade. Uma amargura sem fim, que não dá tréguas. Um grupo de actores (Seymour Hoffman, Finney, Ethan Hawke, Marisa Tomei) que foi o melhor "ensemble" do ano.L.M.O.

EUA

Hollywood acarinhou Obama e o que vai ter em troca?

O espectáculo americano poderá ficar desapontado quanto a uma relação de trabalho com o Presidente.
As estrelas são atraídas por outras estrelas, e o magnetismo Obama foi especialmente forte: Hollywood acorreu em força a participar na campanha de Barack Obama, com vídeos na Net e mensagens de apoio, e as estrelas estiveram em peso em Washington, na posse do novo Presidente.
As filhas do casal Obama conheceram Beyoncé no baile da tomada de posse. Mas tal como Michelle Obama já prometeu que não quer que as filhas convivam com celebridades, as estrelas da música e do cinema deverão estar também mais ausentes da Casa Branca, pelo menos mais do que o que foi hábito com o último Presidente democrata, Bill Clinton. O site norte-americano Politico comentava que Obama "parece estar bem consciente dos perigos de estar demasiado perto das personalidades do showbiz", tendo passado "relativamente pouco tempo a cortejar o establishment político de Hollywood".
Pode argumentar-se que não precisaria, porque uma parte das estrelas assumiu a iniciativa de o apoiar. Mas também se pode dizer que esse apoio poderia servir simplesmente como munição para os adversários: afinal, o adversário de Obama, John McCain, atacou-o precisamente por atrair multidões "como uma estrela pop", comparando-o a Paris Hilton (como descrever Paris Hilton? Uma celebridade?) e a Britney Spears. O que levou a um episódio hilariante com Paris Hilton a aparecer num vídeo apresentando-se como candidata à presidência, folheando uma revista de viagens para decidir onde conseguir o melhor bronzeado antes de explicar o seu plano para acabar com a dependência energética dos EUA.Mudança de ritmo
A vida na Casa Branca deverá mudar - o ritmo da equipa Obama é mais workaholic, o de Bush era menos frenético. Na Casa Branca de Bush todos se deitavam às dez da noite e a vida social era mínima - Bush deu 12 jantares oficiais em oito anos, contra os 30 de Clinton e 50 de Reagan, lembra um artigo no jornal Estado de São Paulo. Obama deverá ficar entre a frugalidade de Bush e a grande actividade social de Bill Clinton, onde não era raro aparecerem convidados como Barbra Streisand, Steven Spielberg, Jane Fonda ou Tom Hanks.
Obama tem começado a trabalhar pouco antes das nove da manhã, depois de fazer exercício físico por volta das 6h45. Bush começava duas horas mais cedo, mas preferia uma pausa para actividade física a meio do dia, diz o New York Times. O novo Presidente irá tomar o pequeno-almoço com a família antes de começar o dia de trabalho, e jantará com a mulher e as filhas. Mas o diário norte-americano adiantava que com apenas uma semana no cargo já se percebia que não será raro vê-lo às dez da noite ainda na Sala Oval a ler briefings para o dia seguinte.
Quanto à vida cultural, os cantores country, que eram os artistas mais frequentes na casa da Pennsylvania Avenue no tempo de Bush Jr., deverão dar lugar a outro tipo de músicos - o gosto de Obama é variado, no iPod tem desde Bob Dylan a Jay-Z, de Sheryl Crow a Stevie Wonder - mas a Casa Branca de Obama não deverá registar uma reviravolta como a que aconteceu com os Kennedy: os anos de JFK ficaram marcados por uma vida cultural refinada como nunca até então (há até uma compilação em CD Music of the Kennedy White House, com faixas de artistas desde o virtuoso violoncelista Pablo Casals até cantoras como Mahalia Jackson ou Ella Fitzgerald, e faixas de compositores como Leonard Bernstein ou Aaron Copland, duas presenças frequentes na Casa Branca dos Kennedy.)Um ministro da Cultura?
Hollywood apaixonou-se por Obama. No espírito de "todos podemos fazer um pouco", muitas estrelas gravaram e puseram on-line algumas promessas - no myspace.com/presidentialpledge pode ver-se Courtney Cox a comprometer-se a ajudar a acabar com a fome na América, Eva Mendes a prometer dar mais tempo para ajudar crianças com doenças graves, entre muitos outros (e numa nota de humor Anthony Kiedis, dos Red Hot Chili Peppers, promete lealdade ao funk. Bem, um pouco à frente e mais a sério, promete ajudar mais os idosos americanos).
De certo modo Hollywood encontrará no novo Presidente alguém atento a algumas questões caras às estrelas, da ecologia ao Darfur, passado pelo sistema de saúde. E Barack Obama já fez algumas afirmações e promessas que agradaram ao mundo das artes, como a criação do Art Corps, semelhante ao Peace Corps, onde se alistam pessoas que se oferecem para fazer voluntariado em qualquer parte do mundo - no Art Corps os voluntários poderiam ajudar nas escolas e organizações de arte pelo país.
Mas, alerta o Politico, algumas ideias não são tão caras à nova Administração. É o caso da criação de um secretário das Artes, equivalente a ministro da Cultura, e do aumento de verbas para esse pelouro, ou da criação de um grupo de celebridades que agiriam um pouco como os embaixadores de boa vontade das Nações Unidas.
No primeiro caso, diz o jornal dedicado à política norte-americana, o aumento de verbas para as artes foi uma arma de ataque que os conservadores estiveram sempre prontos a usar contra os democratas. E em tempo de crise poderá ser difícil justificar o aumento de uma fatia do orçamento que tem vindo a diminuir nos últimos anos, assim como a criação de um posto que espelhasse esta importância das artes.Quanto à ideia dos embaixadores, explica o Politico, o medo será que as ideias demasiado liberais dos embaixadores-estrelas se sobreponha aos compromissos moderados de Obama.
Mas há quem espere que a maior contribuição de Obama venha pelo exemplo. O especialista em Artes do Christian Science Monitor Roland Kushner, que é professor no Muhlenberg College (Pensilvânia), sugere ao Presidente que envolva a família, especialmente as filhas, em actividades culturais: "Leve Malia e Sasha ao museu, ou mostre-as a ter aulas de música na Casa Branca."

08.02.2009 - Maria João Guimarães, Ípsilon, Público

Olivença

Antiga vila portuguesa do Alentejo, a sua origem remonta ao século XIII, aquando da reconquista cristã pelos Templários. Passou definitivamente a território português em 1297, altura em que foi assinado o Tratado de Alcanises, por D. Dinis e Fernando IV de Castela, que definia as pertenças territoriais de cada reino. Foi na época de D. Dinis que foi ordenada a construção de uma fortificação na vila, reforçada posteriormente através, por exemplo, da construção de uma torre de menagem no reinado de D. João II, no século X, e da ponte da Ajuda (também conhecida por ponte da N. Sra. da Ajuda ou de Olivença) sobre o rio Guadiana, ordenada por D. Manuel. Após a ocupação do trono português pela dinastia filipina, começaram as disputas pela posse de Olivença entre Portugal e Espanha. No período da restauração, em 1640, e nas guerras que se seguiram, Olivença foi ocupada por um duque espanhol, sendo devolvida a Portugal na sequência da celebração de um tratado de paz, em 1668, no qual Espanha reconhecia a independência de Portugal. Olivença voltou a sofrer a ocupação espanhola em 1801, durante a Guerra das Laranjas. Como, na luta contra a Inglaterra, Portugal recusou juntar-se à França, que tinha Espanha como aliada, estes dois países pretenderam conquistar o território português. Após as guerras napoleónicas, realizou-se o Congresso de Viena, onde não foi reconhecido internacionalmente o domínio espanhol de Olivença e foram reforçados os direitos de Portugal. Espanha assinou o tratado de devolução, mas, contudo, nunca cumpriu o acordo até aos dias de hoje.

Padeira de Aljubarrota

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária de heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.
A lenda
Brites de Almeida teria nascido em
Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.
Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.
Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.
Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em
Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de
milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.
Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.